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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Noite e Substância



Como não se isolar se dentro é mais quente? A confusão me dá risos, igualmente como o sol  na manhã de inverno.  Ele aparece como se não estivesse perto. Engana-me em silêncio. Estamos loucos por conta de tantas gotas de sangue. Elas gotejam a noite toda e me fazem sentir melhor, melhor que todos os dias bons. É como subir no alto, nos telhados. Meu Deus é tão sublime, mas todos disseram que meus olhos estariam verdes de rancor. Agora eu vejo com paciência e estingue-se as mentiras que plantei em mim mesmo.

[A] substância teve trabalho e esvaiu-se deslizando durante a caminhada da lua.
Talvez eu não tenha mais que falar e sozinho penso no cavalo negro que andava em meu quintal durante a noite.
Os olhos brilhantes me indicavam mentiras engraçadas
Verdadeiras mentiras.
E que ninguém esqueça, minha cabeça parou e tomou à sombra como champanhe envelhecido.


O andamento do tempo suga meus ouvidos.
E as vozes acomodam-se em meu leito me separando da realidade desalinhada.
Saqueando segredos onde meus pés queriam deitar.
Há uma caixa de visões, seres despedaçados. É.
Estão lá transbordando meus pensamentos confusos.
Dias reclusos e cheios de dor. Talvez não.
E ao tentar matar as visões mato a mim mesmo.

Justamente.


(Os dias estavam cheios de contos mentirosos e eu me compadeci deles e por anos me sentei a mesa, tomei vinho e deles me abasteci com audácia e ansiedade de viver aquilo. Como um brinquedo dado a uma criança carente de sorrisos. Hoje eu convivo com visões embaçadas. Talvez seja minha dor querendo sair do meu peito,ou minha raiva que cultivei desde menina. Ela me procura a noite e sentia temor, mas hoje me acostumei e todos os tormentos são como filmes ou banco de plateias de teatro antigo.Foda-se meus pensamentos, meus demônios ou minhas palavras distorcidas por mim mesmo,talvez eu não me entenda. Talvez eu tenha uma ferida funda plantada por algo maior.Que seja feliz, que eu nunca tenha uma arma para calar os galos gritantes e  adormecer minha consciência fria.) 



quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

É.

É notório o que me prende.
É devastador o que me arrasta para fora. Neste impulso louco e sorridente.
É abusivo de carinho as coletas de suspiros. Silencioso como Sempre.
É impróprio o que carrega nos olhares. E me prende, prende.
É exclusivo demais para ser jogado e há tanta luz e chuva.
E se arrasta, e se levanta, e se inala, e se machuca, e se abusa nesta dança.
É a dança incerta de vapor.
A clareza canta na agonia da esperança e muda-se do É para o E, para  os Ais e para o Ah!

É a dança incerta de vapor, da dor  ....