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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Sinfonia

Em partes só os papeis me entendem, só eles estão perto quando eu menos preciso de um humano falando de suas razões.
As flores acabaram bem na época que eu mais precisava de uma cor natural para meus dias frios.
Eu que gosto tanto do frio, estou congelada e pedindo ajuda ao sol, quente, sempre tão livre para nascer todos os dias no horizonte lindo.
Ele é forte e cheio de luz eterna.
A eternidade é algo tão seguro.
As flores morreram lá fora, mas eu tentei cuida-las com líquido de um oceano que banha a costa com firmeza, será que o mundo é assim? Tão difícil de caminhar e cheio de espinhos, ou sou eu que tenho a sensibilidade das narinas de um lobo solitário? Não sei!
As flores morreram em mim várias vezes, eu às pegava, mesmo com todos os espinhos e com as mãos sangrando, cuidava, mesmo sabendo que é na alma que os machucados doem mais.
Tenho visto que ao caminhar pela terra minhas visitas aos seres humanos são devastadoras.
Tentei ser forte... Tentei olhar para frente... Tentei caminhar por corações.
Eu tentei e tentei mais um pouco, andei por lugares cheios de colinas que me deram medo.
Até me acostumar com a penumbra e ser amiga fiel dela.
Há em mim um fio de aço latente entrelaçando meus ossos, acorrentando meu coração.
Talvez a cura essencial.
Suba até o monte e veja o esplendor.
Salte pelas colinas e ao avistar um penhasco pule e voe por ai.
Caia de costas e sinta como se fosse morrer, mas volte para agradecer o belo canto do dia.
Mas não mergulhe nesta água gelada do seu próprio desafio. Há uma cortina afiada que arranca sua pele e te leva a lugares isolados. 
É a noite que minhas pegadas aparecem caminhando junto.
É a tarde que minhas mãos brilham no frescor.
É de manhã que vejo com meus olhos de apreciação.    

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